Frank Menezes é O Indignado

O ator Frank Menezes em parceria com o diretor Fernando Guerreiro estréia a stand up comedy O Indignado, nesta próxima sexta-feira, dia 28 de março, no Teatro Módulo, às 20h. O comediante que comemora 25 anos de palco neste ano vai expor sua indignação com a situação atual do país e do mundo e está curioso com o que sente e pensa o público sobre temas da contemporaneidade.

 

A "comédia em pé" (como foi traduzido o gênero de comédia em que o próprio ator desenvolve sua performance sem o necessário aporte de uma personagem) vai mexer no vespeiro em que dominam a cara-de-pau, a desfaçatez, a falta de vergonha e a falta de educação generalizada de algumas rodas sociais, políticas e econômicas, e tratar de assuntos emergentes na sociedade.

 

A partir de proposta do próprio Frank, o texto de base da peça foi construído pelo experiente dramaturgo Cláudio Simões em colaboração do estreante Djaman Barbosa, um blogueiro antenado com os temas da atualidade. E este perfil dos autores é mais que perfeito para a idéia de privilegiar uma dinâmica dramatúrgica mutante, em que os temas abordados em cena serão atualizados freqüentemente, a partir de fontes midiáticas que estão sempre abastecendo a indignação individual e coletiva.

 

Não faltam motivos para a indignação. Entre os temas abordados figuram as contradições da política nacional e internacional; a velocidade do mundo moderno e a ansiedade de acompanhar os avanços tecnológicos; a falta de consciência ecológica; a insegurança nas cidades grandes, em que as pessoas, cada vez mais, se prendem e se escondem com medo da violência; a falta de educação, não somente no que diz respeito às escolas no país, mas também à falta de cordialidade nas relações sociais; a busca obsessiva pela juventude e a valorização exacerbada da aparência; o culto às celebridades instantâneas e a busca desenfreada pela fama; além dos modelos de relacionamento, paquera e sexo na vida de hoje.

 

Os temas são contundentes, sem dúvida, e como tal exige capacidade de reflexão crítica e analítica, mas o tratamento estético deles segue a opção pelo humor, ácido e satírico - potente recurso para ativar reações ao imobilismo e conformismo. Assim como Frank em sua exposição direta ao público, o experiente e bem-sucedido Fernando Guerreiro está comemorando três décadas como encenador e compartilha com seu ator "a indignação que está no ar, de maneira generalizada, e que precisa ter canais para o desabafo, sem rancor, ainda que o humor seja cáustico".

 

Guerreiro e Frank estão indignados, por exemplo, com "o ser humano cada vez mais sem cara, sem identidade, e que se transforma, pelo recurso das cirurgias plásticas, em monstruosidade". Também protestam contra "o desrespeito às leis, a má prestação dos serviços públicos e a má educação". O diretor revela que, à frente do programa de rádio Roda Baiana, já agora por um ano e meio, ouviu muito "o público expressar sua indignação e que esta necessidade é latente e urgente".

 

A proposta da "comédia em pé" O Indignado é convidar a platéia a também se manifestar, se quiser, em momentos-chave do espetáculo, a partir das provocações lançadas pelo ator. Será aberto espaço ao espectador que deseja criticar. Frank avisa que vai estimular a participação e interatividade, mas sem constrangimentos, que acabam por ser, ao contrário, inibidores da livre manifestação do público. Portanto, se algo estiver lhe incomodando, vá e aproveite a oportunidade de desabafar sua indignação!

 

Que lugar é este?

 

A ambientação da comédia concebida por Euro Pires sugere um depósito de sucatas e inutilidades, lugar onde se acumulam volumes sem propósito na vida das pessoas. "A idéia é que a vida poderia ser mais simples e sem sobrecarga", diz o cenógrafo. Lá estarão caixas cheias de objetos que atrapalham, atravancam a livre circulação, cabos e fios que remetem a entraves e por aí afora. Os caixotes, no entanto, encontram sua funcionalidade plena no hábito antigo de sobre eles protestar. O caixote é uma tribuna arquetípica, anacrônica sem dúvida diante das tecnologias disponíveis, mas, de cima dele, muita gente soltou o verbo, a opinião, e mobilizou multidão.

 

O figurino de "Frank, o indignado" é criação de Miguel Carvalho. A direção musical está sob os cuidados de André T, que vai apresentar composições originais criadas exclusivamente para a peça, aliadas a efeitos sonoros que vão dialogar, em tempo real, com as improvisações do ator e seus novos temas em pauta. A dinâmica de atualização freqüente de assuntos, assumida numa instância prévia por dramaturgos, ator e diretor, ganha mais uma dimensão instantânea no palco com o diálogo de um DJ a improvisar a partir de estímulos emitidos pelo comediante em ação. O desafio é enorme e radicaliza a proposta de atualizar a cena assiduamente com abordagens emergentes.

 

A comédia conta com a assistência de direção de Maick Barreto, direção de produção de Edna Pereira, fotografia de Sora Maia, projeto gráfico do Lado B Propaganda, elaboração de peças audiovisuais da Lisboa Produções, assessoria de imprensa da jornalista Fátima Barretto, produção executiva de Solange Ferreira (controller), assistência de produção de Eder Miranda, e contra-regragem de Cosme dos Santos, numa realização da veterana Canto Claro Produções.

 

Serviço:

 

Comédia O Indignado, com o ator Frank Menezes

 

Direção: Fernando Guerreiro

 

Texto: Cláudio Simões e Djaman Barbosa

 

Estréia: 28 de março de 2008, às 20 horas, no Teatro Módulo

 

Temporada: de 28 de março a 27 de abril, sempre de sexta-feira a domingo, às 20h, no Teatro Módulo (Av. Magalhães Neto, 1117, Pituba. Tel: (71) 3351-1105)

 

Preço do ingresso: R$ 30,00 (inteira)